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Prefeitura lança 'compensômetro', plataforma para monitorar compensações ambientais, mas especialistas veem falhas

Prefeitura lança 'compensômetro', plataforma para monitorar compensações ambientais, mas especialistas veem falhas A Prefeitura do Rio lançou uma plataform...

Prefeitura lança 'compensômetro', plataforma para monitorar compensações ambientais, mas especialistas veem falhas
Prefeitura lança 'compensômetro', plataforma para monitorar compensações ambientais, mas especialistas veem falhas (Foto: Reprodução)

Prefeitura lança 'compensômetro', plataforma para monitorar compensações ambientais, mas especialistas veem falhas A Prefeitura do Rio lançou uma plataforma para monitorar se as empresas que cortam árvores estão, de fato, cumprindo as medidas de compensação ambiental exigidas no processo. Mas especialistas dizem que o chamado "compensômetro" ainda está incompleto. A plataforma de informações foi lançada pela Secretaria de Meio Ambiente e do Clima em atendimento a uma exigência do Ministério Público do Rio (MPRJ). A falta de transparência do município foi denunciada em duas reportagens recentes exibidas no RJ2. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça O compensômetro compartilha dados sobre as empresas que são autorizadas pela prefeitura a retirar árvores para a realização de obras, desde que plantem um número ainda maior de árvores em outras áreas da cidade ou realizem outros investimentos combinados com a prefeitura. De acordo com a plataforma, as três empresas que lideram a lista das que estão em dívida com a compensação ambiental são: HG Incorporadora Ltda: R$ 3,1 milhões; Construtora Novo Lar (R$ 1,3 milhão); OECI S.A. (R$ 824 mil). Os recursos não foram utilizados para o plantio das árvores. Nenhuma delas abriu até o momento processo para cumprir as medidas determinadas pelo município. A soma de todos os processos inadimplentes ultrapassa R$ 9,4 milhões. Eles estão prontos para serem encaminhados à Dívida Ativa. E há também mais de R$ 13 milhões de dívidas com processo ainda em aberto. Técnicos do Conselho Municipal de Meio Ambiente apontaram algumas falhas no funcionamento do compensômetro: O sistema não informa a quantidade exata de árvores plantadas; O sistema não informa o local exato onde elas estão, ou seja, não há o georreferenciamento do plantio; Não há informação sobre o que estaria sendo feito com as mudas perdidas; Também não há informações sobre os critérios utilizados para a escolha de certos lugares da cidade onde esse plantio está acontecendo; Não há informações sobre outras medidas compensatórias, como o investimento em educação ambiental ou a montagem de hortas comunitárias. “O compensômetro é um instrumento interessante, importante, mas ele tá incompleto. Primeiramente, deve ser uma base de dados aberta que possa ser estável e permanente. Ela não pode desaparecer com mudança de governo", diz o o arquiteto e urbanista Roberto Bastos Rocha. "Deve ser consultada pela sociedade e poder também receber demandas de plantio, de poda e outros serviços que a prefeitura tem vinculado à arborização urbana”, acrescentou. Corte de árvore no Rio Reprodução/TV Globo A secretária de Meio Ambiente e Clima do Rio, Tainá de Paula, afirmou que o primeiro lançamento serve como um estímulo para que sejam elaboradas cada vez mais ferramentas e mecanismos a serem incluídos no compensômetro. “Nós já temos possibilidade no curto período de tempo de estabelecer o mapa referenciado. A ideia agora é a gente qualificar ainda mais essa localização, por exemplo, conseguindo localizar muda a muda, árvore a árvore da cidade.” O compensômetro também restringe o período de abrangência dos dados entre 2023 e 2025. Não há nenhum registro do que aconteceu desde 2018, como o Conselho Municipal de Meio Ambiente havia solicitado ao MPRJ. Entre 2018 e 2022, são 5 anos sem qualquer informação sobre as compensações ambientais no município. Nesse período passaram pela Secretaria de Meio Ambiente, entre outros nomes, Lucas Padilha, atual secretário de Cultura, e Eduardo Cavaliere, atual vice-prefeito do município. Déficit de árvores Oficialmente, o Rio de Janeiro tem um déficit de 860 mil árvores, principalmente nos bairros das zonas Norte e Oeste. Nesta quinta-feira (11), a prefeitura vai anunciar o Planta Rio, projeto de arborização urbana da cidade. Mas o Rio de Janeiro já conta com um plano diretor de arborização desde 2016. O decreto 42.685/2016, assinado por Eduardo Paes em uma gestão anterior, já havia estabelecido as regras gerais para proteger o verde da cidade. Mas, segundo especialistas, isso nunca foi implantado como deveria. “Esse lançamento é importante sim, mas devemos respeitar o que está previsto e aprovado pelo prefeito Eduardo Paes desde 2016”, fala Roberto Rocha. “Não foram implementadas na sua totalidade, especialmente, uma coisa muito importante, que é o fortalecimento institucional da Fundação Parques e Jardins. Precisamos, para a cidade do Rio de Janeiro, ampliar o número de técnicos e um orçamento condizentes com os desafios que a gente tem”, acrescentou. Cristo Redentor g1 O que dizem os citados A Secretaria Municipal de Ambiente disse que a plataforma está em constante atualização e que toda as questões serão sanadas no decorrer dessas atualizações. Segundo a secretaria, o georreferenciamento das mudas, por exemplo, deve ser implementado em fevereiro. A Construtora Novo Lar falou que o processo de retirada de árvores ainda está em andamento e que assim que essa etapa for concluída, vai abrir os processos de medidas compensatórias nos órgãos competentes. Já a OECI S.A. declarou que mantém diálogo constante com a Prefeitura do Rio e que as obras executadas seguem em andamento, aguardando o cronograma e outras definições. O RJ2 aguarda resposta da HG Incorporadora Ltda.